Eu acredito que ainda existem cartas de amor embora são poucos os que ainda as escrevam. Hoje em dia perdeu-se o hábito de escrever, perdeu-se o hábito de puxar da caneta e do papel e deixar que os pensamentos e sentimentos se possam traduzir por palavras, por textos infinitos. Perdeu-se o hábito de simplesmente “perder tempo” a dedicar-nos a tal tarefa. Talvez até seja mais simples, mais fácil mandar uma simples mensagem de texto. Por vezes falta-nos a coragem de dizer de pulmões cheios o que vai cá dentro. Eu ainda escrevo cartas de amor, ditas pelo meu próprio punho por vezes até manchadas com as lágrimas que inundam as minhas faces – essas guardo-as tal e qual como um segredo oculto que apenas só eu sei -, e são essas as cartas que ficam por mandar, perdidas no tempo e no espaço. Há também as “cartas de amor” do século XXI, essas são escritas por mensagem e através de telefonemas e para mim essas também são reais e sentidas. E depois há aquelas “cartas de amor” que são vividas diariamente através de um simples abraço, um sorriso nos momentos mais difíceis, uma palavra quando mais precisamos, um toque capaz de nos aquecer até nas noites mais frias. Talvez a melhor “carta de amor” seja aquela em que não temos medo de dizer por palavras aquilo que sentimos por essa pessoa. É não ter medo de mostrar através dos nossos gestos e das nossas atitudes – não ficando apenas pelas palavras – o quanto essa pessoa é importante para nós e o quanto gostamos dela e gostaríamos que ela estivesse nesse momento ao nosso lado. Talvez seja essa a melhor “carta de amor” que alguém pode dar e receber – embora muitas vezes ainda temos dificuldade de a conseguir “escrever”.
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